Por
Vanilde Gerolim Portillo
Para
a Psicologia Analítica, o arquétipo da anima (termo em latim para
alma),constitui o lado feminino no homem, e o arquétipo do animus (termo em
latim para mente ou espírito), constitui o lado masculino na psique da mulher.
Ambos os sexos possuem aspectos do sexo oposto, não só biologicamente, através
dos hormônios e genes, como também, psicologicamente através de sentimentos e
atitudes.
Sendo
a persona a face externa da psique, a face interna, a formar o equilíbrio são
os arquétipos da anima e animus. O homem traz consigo, como herança, a imagem
de mulher. Não a imagem de uma ou de outra mulher especificamente, mas sim uma
imagem arquetípica, ou seja, formada ao longo da existência humana e
sedimentada através das experiências masculinas com o sexo oposto.
Cada
mulher, por sua vez, desenvolveu seu arquétipo de animus através das
experiências com o homem durante toda a evolução da humanidade.
Embora,
anima e animus desempenhem função semelhante no homem e na mulher, não são,
entretanto, o oposto exato. Segundo Humbert, “Anima e animus não são
simétricos, têm seus efeitos próprios: possessão pelos humores para a anima
inconsciente, pelas opiniões para o animus inconsciente.”
A
anima, quando em estado inconsciente pode fazer com que o homem, numa possessão
extrema, tenha comportamento tipicamente feminino, como alterações repentinas
de humor, falta de controle emocional.
Em
seu aspecto positivo a anima, quando reconhecida e integrada à consciência,
servirá como guia e despertará, no homem o desejo de união e de vínculo com o
feminino e com a vida. A anima será a “mensageira do inconsciente” tal como o
deus Hermes da mitologia Grega.
A
valorização social do comportamento viril no homem, desde criança, e o
desencorajamento do comportamento mais agressivo nas mulheres, poderá provocar
uma anima ou animus subdesenvolvidos e potencialmente carregados de energia,
atuando no inconsciente.
Um
animus atuando totalmente inconsciente poderá se manifestar de maneira também
negativa, provocando alterações no comportamento e sentimentos da mulher.
Segundo Jung: “em sua primeira forma inconsciente o animus é uma instância que
engendra opiniões espontâneas, não premeditadas; exerce influência dominante
sobre a vida emocional da mulher.”
O
animus e a anima devidamente reconhecidos e integrados ao ego, contribuirão
para a maturidade do psiquismo. Jung salienta que o trabalho de integração da
anima é tarefa difícil. Diz ele: “Se o confronto com a sombra é obra do
aprendiz, o confronto com a anima é obra-prima. A relação com a anima é outro
teste de coragem, uma prova de fogo para as forças espirituais e morais do
homem. Jamais devemos esquecer que, em se tratando da anima, estamos lidando
com realidades psíquicas, as quais até então nunca foram apropriadas pelo
homem, uma vez que se mantinham foram de seu âmbito psíquico, sob a forma de
projeções.”
Anima
e animus são responsáveis pelas qualidades das relações com pessoas do sexo
oposto. Enquanto inconscientes, o contato com estes arquétipos são feitos em
forma de projeções.
O
homem, quando se apaixona por uma mulher, está projetando a imagem da mulher
que ele tem internalizada. É fato que a pessoa que recebe a projeção é
portadora, como dizia Jung, de um “gancho” que a aceita perfeitamente. O ato de
apaixonar-se e decepcionar-se, nada mais é do que projeção e retirada da
projeção do objeto externo. Geralmente o que se ouve é que a pessoa amada
deixou de ser aquela por quem ele se apaixonou, quando na verdade ela nunca
foi, só serviu como suporte da projeção de seus próprios conteúdos internos.
Para
o homem a mãe é o primeiro “gancho” a receber a projeção da anima, ainda quando
menino, o que se dá inconscientemente. Depois, com o crescimento e sua saída do
ninho, o filho vai, aos poucos, retirando esta projeção e lançando-a a outras
mulheres que continua sendo um processo inconsciente. A qualidade, do
relacionamento mãe-filho, será essencial e determinará a qualidade dos próximos
relacionamentos, com outras mulheres. Salienta Jung: “Para o filho, a anima
oculta-se no poder dominador da mãe e a ligação sentimental com ela dura às
vezes a vida inteira, prejudicando gravemente o destino do homem ou,
inversamente, animando a sua coragem para os atos mais arrojados.”
Jung
define projeção da seguinte forma: “um processo inconsciente automático,
através do qual um conteúdo inconsciente para o sujeito é transferido para um
objeto, fazendo com que este conteúdo pareça pertencer ao objeto. A projeção
cessa no momento em que se torna consciente, isto é, ao ser constatado que o
conteúdo pertence ao sujeito.”
Vanilde
Gerolim Portillo - Psicóloga Clínica - Pós-Graduada e Especialista Junguiana -
Sem comentários:
Enviar um comentário