domingo, 16 de dezembro de 2012

Amor maiúsculo



  Um homem de idade já bem avançada veio à Clínica onde trabalho, para fazer um curativo na mão ferida.



  Estava apressado, dizendo-se atrasado para um compromisso, e enquanto o tratava perguntei-lhe sobre qual o motivo da pressa.

  Ele disse que precisava ir a um asilo de anciãos para, como sempre, tomar o pequeno-almoço com sua mulher que estava internada lá. Disse-me que ela já estava há algum tempo nesse lugar porque tinha um Alzheimer bastante avançado.

  Enquanto acabava de fazer o curativo, perguntei-lhe se ela não se alarmaria pelo facto de ele estar chegar mais tarde.


  - Não, disse ele. Ela já não sabe quem eu sou. Faz quase cinco anos que ela não me reconhece.


  Estranhando, perguntei-lhe:
  - Mas se ela já não sabe quem o senhor é, porque essa necessidade de estar com ela todas as manhãs?


  Ele sorriu e dando-me uma palmadinha na mão, disse :
  - É . Ela não sabe quem eu sou, mas eu contudo sei muito bem quem é ela.

 Os meus olhos lacrimejaram enquanto ele saía, e eu pensei :
- O verdadeiro amor não se reduz ao físico nem ao romântico. O verdadeiro amor é a aceitação de tudo o que o outro é, do que foi, do que será e também... do que já não é...".

 

Desconheço o nome do autor

 

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