quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

E ainda...a Liberdade


 

 

O Peso da Liberdade

 

"Aquilo que não é consequência de uma escolha não pode ser considerado nem mérito nem fracasso", a leveza decorre de uma vida levada sob o teto da liberdade descomprometida, no entanto, a leveza despe a vida de seu sentido. O peso do comprometimento é uma âncora

que finca a vida a uma razão de ser, qualquer uma que se constrói .

 

(Milan Kundera) em A Insustentável Leveza do Ser

 

São muitas as ocasiões em que referimos a “liberdade”, seja numa vertente ético-social, seja na vertente dos relacionamentos, ou nas escolhas pessoais, que no cômputo da vida acabam interligadas.

Quiçá possamos hoje, dirigir a nossa reflexão para o autêntico conceito da liberdade, além do corrente, que é liderado normalmente por critérios de pouca duração, que se geram no interesse momentâneo e individual.

Mais ainda, colocar estacas de sustentação à nossa definição de liberdade e ao “peso” da mesma.

Inseridos que somos numa sociedade com direitos e deveres, (estes quase sempre esquecidos) devemos constituir um Código de Honra da Liberdade, cujo lema fundamental seria:

                                                                                                                              

“A nossa liberdade confina, na fronteira onde começa a liberdade do outro”

 

A construção da liberdade é individual. As suas fundações são a veracidade, o humanismo, o respeito. Já a expressão da mesma, só pode ser vivida onde não exista o medo, e onde prevaleçam a educação, a cultura, e o conhecimento metafísico. Sem estas pedras basilares, não é possível conhecer o rosto da plena e verídica liberdade.

 

- Liberdade, é o dizer não à invasão da informação manipulada e manipulativa (quase toda ela) que invade os lares, que desestrutura as mentes em formação, que inocula os venenos do consumismo, e estabelece uma urdidura ao critério individual (robotização)

- Liberdade, é o reconhecimento dessa mesma manipulação pelas substâncias viciantes, e negar-se a ser mais um número nas estatísticas que somam poder, ao poder dos monopólios do tabaco, da droga, dos fármacos.

- Liberdade, é a percepção genuína e aplicada na interacção do dia-a-dia, da valorização do ser humano pelo que ele é, e não pelo que ele tem.

- Liberdade, é o auto-conhecimento aprimorado, de forma, a que cada um perceba que tem na sua vida o que ele próprio criou, e de que nada nem ninguém nos pode dar, ou tirar, a liberdade consciencial.

- Liberdade, é a responsabilidade lúcida de cada atitude para com o nosso crescimento individual, e de que este, se entretece com todos os que nos rodeiam.

 

Nos países onde se pratica o sistema político chamado democracia, a responsabilidade individual é maior, dado que esta contém a ferramenta primária que permite ao ser humano a escolha, real, dos caminhos vivenciais. Mas constatamos que essa pseudo-liberdade facultada pela democracia, foi desvirtuada, pois nunca como hoje as pessoas se deixam conduzir, sem vislumbres de vontade, por poderes instituídos, os visíveis, e os invisíveis.

Outro aspecto onde o substantivo liberdade é frequentemente utilizado, é no plano dos relacionamentos afectivos. Este tornou-se salvo-conduto de vivências saturadas e desgastadas onde a frontalidade das decisões é adiada e disfarçada pela falta dessa mesma liberdade.

Tornou-se assim argumento sem conteúdo, justificativo medíocre de atitudes que possam lesar os compromissos da alma.

Os compromissos não são pesos nem sentenças “sine die”, são o coagulante das razões do existir… podem a todo momento serem revistos, finalizados, acrescidos, transmutados, enquadrados na senda individual, pelo usufruto duma verídica liberdade. Também neste campo:

- Liberdade, é não seguir a corrente instalada na madraça acomodada, nos modismos, na libertinagem (muito confundida com liberdade).

 - Liberdade, é a lucidez de contornar o flerte ocasional, carícia do ego vaidoso e decadente, que empobrece a promissora luz de cada um.

- Liberdade, é a nobre coragem de olhar o compromisso pela sua melhor vertente e dele fazer estrela presente, ou cadente, mas sempre, com a gratidão amorosa para com os passos que nos transportaram nas sendas da vida.

- Liberdade, é também a renúncia, (em qualquer vertente), escolha consciente da alma, em prol do bem comum… este, é o mais sublime acto de liberdade.

 

Que a Paz esteja em nós, como a liberdade e o desprendimento estão numa avezinha do Céu.

 

 

A.
 

 

 

 

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