quinta-feira, 12 de julho de 2012

Reflexões sobre Cura e Terapias - 1ª entrega










Da Terapia à Cura ------ Escrito por Pedro Elias

Cada vez mais se faz necessário a formação de curadores dentro da humanidade encarnada.
Seres que despojados de qualquer vontade humana de curar, e entregues à vontade de Deus, possam funcionar como verdadeiros agentes dessa cura tão urgente e necessária nos tempos de hoje.
Seres que não são formados por nenhuma técnica humana, por nenhum método espiritual ou terapêutico, mas que na entrega incondicional ao mais alto se colocaram, de forma silenciosa e despojada, ao serviço do plano evolutivo.
Enquanto terapeutas nós agimos na superfície dos sintomas, aliviando-os, direccionando-os, remanejando-os, dando um conforto tantas vezes necessário para que a pessoa possa seguir em frente com mais confiança e segurança. Não há nada de errado na terapia. É um instrumento que deve ser usado dentro dos limites do campo da sua acção. Contudo, não estamos ainda no domínio da cura. É como se eu tivesse uma mangueira por onde passasse óleo, e num determinado ponto dessa mangueira existisse um furo. Esse furo, ao verter óleo para o chão, formou uma mancha de sujidade, sendo um risco para quem ali puder vir a escorregar. O terapeuta vai agir sobre o chão, permitindo que este seja limpo do óleo que ali está. Contudo o furo permanece na mangueira e o óleo continuará a verter sobre esse chão, sendo uma questão de tempo para que tudo volte ao ponto inicial. Quando nós entramos nos domínios da cura, o óleo do chão até poderá continuar lá, mas a mangueira será reparada e não mais verterá.
Esta situação, muitas vezes, não é confortável para quem busca uma solução para o seu problema, já que essa busca é muitas vezes superficial e egoísta. A pessoa quer um alívio dos sintomas e não a cura. E se num processo de cura esses sintomas não são removidos, podendo até ser intensificados, a reacção poderá até ser de rejeição. Seja como for, o problema foi resolvido e o óleo do chão ficará entregue ao livre arbítrio da pessoa e seu respectivo carma.
Este remanejar de energias e de forças que a terapia nos traz não é mais adequado para quem busca a verdadeira cura, pois como vimos no exemplo anterior o problema não é solucionado, apenas camuflado. A pessoa fica numa espécie de banho-maria, aliviando os sintomas e com isso caminhando um pouco e logo depois parando de novo quando esses sintomas retornam, por vezes com mais intensidade, pois aquele buraco na mangueira só terá tendência a aumentar.
Nenhuma cura poderá alguma vez acontecer por parte de nenhum terapeuta se neste existir o desejo de que o seu paciente seja curado, pois aqui existe uma forma de manipulação e por isso mesmo uma interferência. Nós não temos que desejar nada, mas simplesmente nos colocarmos como instrumentos para que a vontade Divina seja realizada. Por outro lado, nenhuma cura poderá alguma vez acontecer por parte de nenhum terapeuta que imita para um outro qualquer tipo de energia, pois isto é magia. E mesmo que seja branca, continua a ser magia que é uma interferência e como interferência que é geradora carma. Nada disto é Cura.
A Cura começa no silêncio de qualquer vontade humana de curar e de uma entrega incondicional de todo o processo ao mais Alto. Quando alguém necessitado de cura chega junto de um verdadeiro curador, nenhuma técnica é aplicada àquela pessoa. Este ouve com toda a sua atenção, em silêncio, e depois, sem emitir nenhum tipo de energia nem formular nenhum tipo de desejo, mesmo que seja o desejo de curar aquela pessoa, ele traz todo aquele contexto para a sua consciência e dentro desse silêncio, com a sua atenção plenamente concentrada no problema, sem o questionar e sem formular nenhum tipo de juízo, ele permite que um conduto interno seja aberto para que a vontade de Deus se realize naquele contexto. E é aqui que os “milagres” começam a acontecer.
Para aquele que se propõe receber a cura é necessário uma fé inabalável, pois aparentemente nada de visível está a acontecer. Ele que estava habituado às terapias onde muitas coisas acontecem, ali ele está diante do silêncio daquele que se apresenta como um curador. E diante desse silêncio só lhe resta a fé e a afirmação inabalável de que a vontade de Deus seja plenamente realizada, mesmo que esta possa ser contrária ao seu desejo. É também aqui, tal como na situação anterior, que se abre uma porta para que aquilo que chamamos de milagres aconteça.
Quando aquele general romano chegou junto de Jesus para que este curasse o seu empregado, ele apenas contou com a sua fé. Jesus não se deslocou à sua casa nem formulou nenhum tipo de desejo no sentido de curar o seu empregado. Apenas ouviu em silêncio e nesse silêncio trouxe para a sua consciência aquele contexto. E sem emitir nenhum tipo de energia, nem aplicar nenhum tipo de técnica, e tendo como suporte e veículo de condução dessa cura a fé daquele general, a cura aconteceu de imediato, naquele mesmo instante.
É aqui que todos aqueles que aspiram a se tornarem curadores têm que chegar.
À partida pode parecer algo que está longe do nosso alcance, mas quem cria este distanciamento é a nossa mente, aquela que é perita em múltiplas técnicas terapêuticas, mas que nada sabe de cura.
Porque na verdade o alcance em nos tornarmos isto está exactamente na entrega de todo este processo ao mais Alto, porque quem vai curar não somos nós. E se não somos nós que vamos curar que dificuldade poderá existir para que deixemos de ser terapeutas e nos tornemos curadores? Nenhuma!
Existe, no entanto, um obstáculo, e esse obstáculo é o nosso próprio ego. Porque enquanto que a terapia é remunerada, e com toda a justiça pois houve um investimento por parte do terapeuta, a cura é gratuita.
Porque enquanto que a terapia é reconhecida e valorizada, a cura é silenciosa e despojada.
Porque enquanto que a terapia cria legiões de pessoas dependentes, a cura liberta. E tudo isto o ego não suporta. Assim sendo, passar da terapia para a cura implica unicamente uma escolha da nossa parte, pois nenhuma dificuldade existe para que isso aconteça.
É apenas isto!
Que tenhamos, pois, a coragem de dar este passo, pois o planeta muito necessita de curadores conscientes e actuantes, não na afirmação da sua vontade, pois aí estaríamos no domínio da terapia, mas, como espelhos reflectores de uma Vontade Maior.


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