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Da
Terapia à Cura ------ Escrito por
Pedro Elias |
Cada vez
mais se faz necessário a formação de curadores dentro da humanidade
encarnada.
Seres que
despojados de qualquer vontade humana de curar, e entregues à vontade de
Deus, possam funcionar como verdadeiros agentes dessa cura tão urgente e
necessária nos tempos de hoje.
Seres que
não são formados por nenhuma técnica humana, por nenhum método espiritual ou
terapêutico, mas que na entrega incondicional ao mais alto se colocaram, de
forma silenciosa e despojada, ao serviço do plano evolutivo.
Enquanto
terapeutas nós agimos na superfície dos sintomas, aliviando-os,
direccionando-os, remanejando-os, dando um conforto tantas vezes necessário
para que a pessoa possa seguir em frente com mais confiança e segurança. Não
há nada de errado na terapia. É um instrumento que deve ser usado dentro dos
limites do campo da sua acção. Contudo, não estamos ainda no domínio da cura.
É como se eu tivesse uma mangueira por onde passasse óleo, e num determinado
ponto dessa mangueira existisse um furo. Esse furo, ao verter óleo para o
chão, formou uma mancha de sujidade, sendo um risco para quem ali puder vir a
escorregar. O terapeuta vai agir sobre o chão, permitindo que este seja limpo
do óleo que ali está. Contudo o furo permanece na mangueira e o óleo
continuará a verter sobre esse chão, sendo uma questão de tempo para que tudo
volte ao ponto inicial. Quando nós entramos nos domínios da cura, o óleo do
chão até poderá continuar lá, mas a mangueira será reparada e não mais
verterá.
Esta
situação, muitas vezes, não é confortável para quem busca uma solução para o
seu problema, já que essa busca é muitas vezes superficial e egoísta. A
pessoa quer um alívio dos sintomas e não a cura. E se num processo de cura
esses sintomas não são removidos, podendo até ser intensificados, a reacção
poderá até ser de rejeição. Seja como for, o problema foi resolvido e o óleo
do chão ficará entregue ao livre arbítrio da pessoa e seu respectivo carma.
Este
remanejar de energias e de forças que a terapia nos traz não é mais adequado
para quem busca a verdadeira cura, pois como vimos no exemplo anterior o
problema não é solucionado, apenas camuflado. A pessoa fica numa espécie de
banho-maria, aliviando os sintomas e com isso caminhando um pouco e logo
depois parando de novo quando esses sintomas retornam, por vezes com mais
intensidade, pois aquele buraco na mangueira só terá tendência a aumentar.
Nenhuma
cura poderá alguma vez acontecer por parte de nenhum terapeuta se neste
existir o desejo de que o seu paciente seja curado, pois aqui existe uma
forma de manipulação e por isso mesmo uma interferência. Nós não temos que
desejar nada, mas simplesmente nos colocarmos como instrumentos para que a
vontade Divina seja realizada. Por outro lado, nenhuma cura poderá alguma vez
acontecer por parte de nenhum terapeuta que imita para um outro qualquer tipo
de energia, pois isto é magia. E mesmo que seja branca, continua a ser magia
que é uma interferência e como interferência que é geradora carma. Nada disto
é Cura.
A Cura
começa no silêncio de qualquer vontade humana de curar e de uma entrega
incondicional de todo o processo ao mais Alto. Quando alguém necessitado de
cura chega junto de um verdadeiro curador, nenhuma técnica é aplicada àquela
pessoa. Este ouve com toda a sua atenção, em silêncio, e depois, sem emitir
nenhum tipo de energia nem formular nenhum tipo de desejo, mesmo que seja o
desejo de curar aquela pessoa, ele traz todo aquele contexto para a sua
consciência e dentro desse silêncio, com a sua atenção plenamente concentrada
no problema, sem o questionar e sem formular nenhum tipo de juízo, ele
permite que um conduto interno seja aberto para que a vontade de Deus se
realize naquele contexto. E é aqui que os “milagres” começam a acontecer.
Para aquele
que se propõe receber a cura é necessário uma fé inabalável, pois
aparentemente nada de visível está a acontecer. Ele que estava habituado às
terapias onde muitas coisas acontecem, ali ele está diante do silêncio
daquele que se apresenta como um curador. E diante desse silêncio só lhe
resta a fé e a afirmação inabalável de que a vontade de Deus seja plenamente
realizada, mesmo que esta possa ser contrária ao seu desejo. É também aqui,
tal como na situação anterior, que se abre uma porta para que aquilo que
chamamos de milagres aconteça.
Quando
aquele general romano chegou junto de Jesus para que este curasse o seu
empregado, ele apenas contou com a sua fé. Jesus não se deslocou à sua casa
nem formulou nenhum tipo de desejo no sentido de curar o seu empregado.
Apenas ouviu em silêncio e nesse silêncio trouxe para a sua consciência
aquele contexto. E sem emitir nenhum tipo de energia, nem aplicar nenhum tipo
de técnica, e tendo como suporte e veículo de condução dessa cura a fé
daquele general, a cura aconteceu de imediato, naquele mesmo instante.
É aqui que
todos aqueles que aspiram a se tornarem curadores têm que chegar.
À partida
pode parecer algo que está longe do nosso alcance, mas quem cria este
distanciamento é a nossa mente, aquela que é perita em múltiplas técnicas
terapêuticas, mas que nada sabe de cura.
Porque na
verdade o alcance em nos tornarmos isto está exactamente na entrega de todo
este processo ao mais Alto, porque quem vai curar não somos nós. E se não
somos nós que vamos curar que dificuldade poderá existir para que deixemos de
ser terapeutas e nos tornemos curadores? Nenhuma!
Existe, no
entanto, um obstáculo, e esse obstáculo é o nosso próprio ego. Porque
enquanto que a terapia é remunerada, e com toda a justiça pois houve um investimento
por parte do terapeuta, a cura é
gratuita.
Porque
enquanto que a terapia é reconhecida e valorizada, a cura é silenciosa e despojada.
Porque enquanto que a terapia cria
legiões de pessoas dependentes, a cura liberta. E tudo isto o ego não suporta.
Assim sendo, passar da terapia para a cura implica unicamente uma escolha da
nossa parte, pois nenhuma dificuldade existe para que isso aconteça.
É apenas
isto!
Que tenhamos, pois, a coragem de dar
este passo, pois o planeta muito necessita de curadores conscientes e actuantes,
não na afirmação da sua vontade, pois aí estaríamos no domínio da terapia,
mas, como espelhos reflectores de uma Vontade Maior.
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