O exemplo mais concreto pelo qual se pode entender o sábio
conceito da Impermanência, é o das nossas próprias paixões.
Sejam coisas, profissões, locais, pessoas...com as
pessoas o exemplo é mais nítido, mais definido, ainda que possa ser aplicado a
qualquer vertente da vida.Abrindo uma janela no tempo, assistimos à procissão daquilo ou daqueles que incendiaram o nosso coração e somos submersos por uma caterva de dúvidas, e quem sabe, se pela primeira vez, percebemos o eco repetitivo de conteúdos iguais, em contentores diferentes
O assistente na janela é o observador incólume aconchegado no calor sereno que a alma emana. Olha com afinco, e torna a olhar…mas não vê o que algures na escala do tempo o atraiu…tenta lembrar… seria o olhar, a timidez, a confiança, os saberes, o cheiro, o toque, a voz, o riso, a ternura, a paciência, a gentileza, a bondade, a entrega, a lealdade, a doçura? Onde estão? Se ao estender o olhar pela linha da procissão não vê qualquer altar… deve ser dos olhos cansados pois o tempo não perdoa…
Mas persistente, põe-se em bicos de pés, repreende o olhar (não se arme este em exigente) e volta a perscrutar. E o que vê, mormente, é um todo comum, desconcertante, nas sombras diluídas dos seus amores, santos e heróis…
- o batedor da tristeza cruza o ar, pede para entrar…
- o ego lança o engodo e escreve a giz “tempo perdido “…
- a mente refila, que viste ali? Este, aquele e o
outro, onde esconderam as paisagens que meus olhos adoraram?...
Aí…o coração já saturado da discussão resolve
intervir…não se desgastem! Quantos mais proveitos podem tirar se retiverem
hoje, e para sempre, que o que no outro te atraiu era apenas um reflexo teu…
que os dons que enumeraste são teus… que as graças que partilhaste são tuas…que
em espelhos de diferentes tonalidades pudeste expandir os presentes que as tuas
fadas te deram ao nasceres – tua herança, teu celeiro, farol cintilante que
ilumina o teu retorno ao lar. Assim como as culturas da terra têm época, assim
espalhas sementes em ciclos temporais que germinarão, mais viçosas e fortes, no
terreno que vieste cultivar, em mim, teu próprio coração…
Trabalha sem reserva –
Entrega sem cautela – Ama sem medida
Sê, Sê, Sê
Os retalhos da vida são como os buracos negros que pululam no cosmos, aparentemente vazios, no entanto repletos de tudo aquilo que precisamos para compor a obra da estrutura psicoafectiva que viemos experimentar.
Não há ganhos ou perdas, apenas patamares de compreensão
amorosamente aprimorados pela lei da evolução.Os retalhos da vida são como os buracos negros que pululam no cosmos, aparentemente vazios, no entanto repletos de tudo aquilo que precisamos para compor a obra da estrutura psicoafectiva que viemos experimentar.
A.
28 de Maio de 2013
Sem comentários:
Enviar um comentário