Há muitos anos atrás havia um pastor no Alentejo, um homem
muito simples e dedicado, que dormia no curral com as suas ovelhas. Dormia num
cantinho, junto a um pilar e todas as noites sonhava que ia a Lisboa e alguém
lhe entregava um tesouro.
Com o passar dos meses, começou a sentir curiosidade e
resolveu fazer a viagem. Confiou as ovelhas a um amigo e apanhou o comboio. Mal
chegou a Lisboa, desembarcou no Terreiro do Paço (na altura chegava-se ao
Barreiro e atravessava-se de barco) e viu tudo tão grande, tão amplo e
grandioso que se pôs a percorrer a praça, embasbacado.
Um polícia que por ali andava viu aquele campónio,
visivelmente acabado de chegar da sua província, e resolveu ser amável. “Posso
ajudar, o senhor procura alguma coisa?” “Obrigado”, respondeu o pastor, “não
sei bem o que procuro”. “Como assim?”
“Vim a Lisboa porque tenho sonhado que alguém me vai entregar
um tesouro aqui mas não sei onde nem como.” O polícia deu uma gargalhada. “Ó
homem então você veio cá por causa disso! Pois olhe, eu sonho que cavo um
buraco num curral de ovelhas, por baixo da cHá muitos anos atrás havia um
pastor no Alentejo, um homem muito simples e dedicado, que dormia no curral com
as suas ovelhas. Dormia num cantinho, junto a um pilar e todas as noites
sonhava que ia a Lisboa e alguém lhe entregava um tesouro.
Com o passar dos meses, começou a sentir curiosidade e
resolveu fazer a viagem. Confiou as ovelhas a um amigo e apanhou o comboio. Mal
chegou a Lisboa, desembarcou no Terreiro do Paço (na altura chegava-se ao Barreiro
e atravessava-se de barco) e viu tudo tão grande, tão amplo e grandioso que se
pôs a percorrer a praça, embasbacado.
Um polícia que por ali andava viu aquele campónio,
visivelmente acabado de chegar da sua província, e resolveu ser amável. “Posso
ajudar, o senhor procura alguma coisa?” “Obrigado”, respondeu o pastor, “não
sei bem o que procuro”. “Como assim?”
“Vim a Lisboa porque tenho sonhado que alguém me vai entregar
um tesouro aqui mas não sei onde nem como.” O polícia deu uma gargalhada. “Ó
homem então você veio cá por causa disso! Pois olhe, eu sonho que cavo um
buraco num curral de ovelhas, por baixo da cama do pastor, junto de um pilar, e
que encontro um tesouro. E acha que eu alguma vez acreditei nisso? Faça como
eu, homem, volte para casa e não ligue a essas coisas!”
O pastor sorriu. Agradeceu. Meteu-se no comboio e voltou para
casa. Foi ao curral, pegou numa pá e cavou… Debaixo da sua cama encontrou o
tesouro fabuloso com o qual tanto tinha sonhado.
Esta história sempre me fascinou. Encontrei-a em várias
versões – uma japonesa, uma árabe e até no Alquimista do Paulo Coelho. Parece
existir uma sabedoria ancestral que sabe que andamos a dormir em cima do
tesouro que tão ansiosamente procuramos.
Voltando à questão do sentido da vida – tema dos dois últimos
posts – vi aqui um paralelo. Quando nos interrogamos sobre o sentido da vida,
somos como o pastor que acha que tem de ir a Lisboa. Precisamos de um destino,
de alguma coisa a alcançar no futuro ou num local distante, para que a viagem
tenha sentido.
Mas, quando empreendemos a viagem, saímos da nossa zona de
conforto e ficamos mais vulneráveis. Abrimos o coração, deixamos que as
vicissitudes do caminho nos transformem e, com humildade, começamos a dar
graças por cada passo. Por fim – quer tenhamos ou não alcançado o objetivo que
pensávamos que tínhamos – percebemos que cada respiração é uma bênção e que o
sentido da vida é viver. Encontrámos finalmente o tesouro.
Este tesouro que espera escondido debaixo da nossa cama é o
momento presente. Na realidade, toda a riqueza e todo o sentido de que alguma
vez precisaremos encontram-se aqui, já, a cada respiração consciente, na
plenitude do eterno Agora.
Por gentileza de TseringPaldron
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